Quarta-feira, 13 de Junho de 2007
Odeio o novo aeroporto, seja ele onde for. Por mim, podem construir o aeroporto no Cacém, que eu vou odiá-lo na mesma. Odeio que se passe o tempo todo nesta trampa de país a falar das mesmas coisas.
Isto não é discutível. A localização do aeroporto não interessa a ninguém de nós. Nós, portanto, as pessoas que andam na rua, nos transportes públicos, que trabalham em escritórios ou lojas, que ganham pouco ou aquilo a que se chama "razoavelmente". Aquilo a que eu chamaria "povo", se isso não soasse comuna demais para o meu gosto.
Odeio comunas.
O novo aeroporto só vai servir para um grupo selecto de portugueses ficarem cheios de narta. E mais nada. E a luta toda sobre onde é que aquela merda vai ser não tem absolutamente nada a ver com desertos, com infra-estruturas, com proximidade a Lisboa ou sequer com impacto ambiental.
A localização do novo aeroporto tem única e exclusivamente a ver com exploração de propriedade. É preciso imaginar onde é que há mais terreno propício para construção e de onde se consegue retirar maior lucro com a exploração imobiliária (entre outras, claro).
E depois é preciso tentar perceber quem é que pode comprar terra em que zona e quem são as pessoas que defendem uma e outra localização e qual a sua posição em empresas imobiliárias, construtoras, cimenteiras, bancos, seguradoras, etc.
Esta merda não tem NADA a ver com aviões, meus amigos!
E enquanto o povinho anda a discutir sobre se a Ota é muito longe ou se Alcochete faz mal aos passarinhos, ninguém se lembra de pensar nos bolsos que se vão encher à conta de mais uma obra de ricos num país de pelintras.
E acreditem que a história do deserto e dos camelos só ajudou à distracção. Aliás, cá para mim, o discurso do Mário Lino foi editado para ser o mais ofensivo possível e noticiado em primeira mão por um meio de comunicação social, que pertence a um grupo económico que, graças à polémica gerada, conseguiu que fossem efectuados estudos que indicam que - se calhar - Alcochete até é um melhor sítio para um aeroporto novo.
E se forem lá cheirar, se calhar... mas só se calhar - que eu não sou nada paranóico - o mesmo grupo económico dono do tal canal de televisão ou jornal ou lá o que foi, tem um qualquer direito de preferência sobre uns terrenos bem bestiais ali para os lados de Alcochete.
Enfim, odeio toda esta corja de filhos da puta.
sinto-me: Enjoado