Ok, eu não odeio acordar cedo. A verdade é essa... Acordar cedo é como uma comida que até é boa, mas que alguém se lembrou de temperar de uma maneira idiota. Tipo um bom bife do lombo mal passado, coberto de caril.
Bom, acordar cedo, em si, pode ser bastante agradável, se formos dar uma volta, se formos até à praia, ou talvez aproveitar a manhã para o nosso hobby favorito, mas - acho que já adivinharam o que vou dizer - acordar cedo para ir trabalhar estraga tudo!
Hoje, como habitualmente, acordei às sete da manhã e levantei-me da cama, quando a única coisa no Universo que me apetecia fazer - para além de levantar um prémio de 2 milhões de euros na SCML - era voltar para a cama. Em vez disso, evidentemente, tomei banho, vesti-me, comi uma torrada e... fui trabalhar.
Tudo isto por causa de outra coisa que eu também odeio: os horários de trabalho.
Os horários de trabalho não servem para as pessoas trabalharem, os horários de trabalho não ajudam à produtividade da empresa, não, nada disso, os horários de trabalho servem para desanimar e frustrar as pessoas.
Numa empresa, as pessoas deviam ser pagas para trabalhar, para fazer o que foram contratadas para fazer. Pelo contrário, as pessoas são pagas para "estar lá", das 9 às 19, a compor a sala, ou a enfeitar o gabinete.
Não é incomum ouvirmos a expressão "pagam-te para cá estares". E é mesmo verdade, porque em praticamente qualquer empresa acima de uma determinada dimensão, é frequente que os empregados passem parte significativa do dia a fazer outras coisas que não trabalhar. Como trocar mails, falar ao telefone, ver sites ou fazer downloads de filmes porno.
Assim, seria possível que, neste nosso bonito país, a maior parte das pessoas entrasse às 10, é uma boa hora, que não obriga a levantar muito cedo. Entre as 10 e as 13, trabalhava-se furiosamente, sem distracções, com máxima concentração.
Três horas sólidas de trabalho. E depois saía-se e ia-se viver.
Odeio levantar-me cedo, para cumprir horários a trabalhar.