Odeio multidões súbitas.
Pronto, ok, eu odeio multidões, mas as súbitas dão-me uma raiva muito particular... E o que são multidões súbitas? Eu exemplifico:
Estação de comboios do Pragal, 10 da manhã. Subo a escada e na plataforma estão, na pior das hipóteses, cinco gatos pingados. A hora já não é fresca, a maioria das pessoas já foi para Lisboa e ainda por cima acabou de passar o comboio das 9:59.
Faltam 19 minutos para o próximo comboio. Encosto-me a uma parede a ler ou algo parecido. Em pouco menos de um fósforo, toda a população do Concelho de Almada está naquela plataforma. E todos com um ar muito decidido como se o objectivo deles fosse estar ali para apanhar o comboio.
Pronto, esse é, de facto, o seu objectivo, mas porra, ainda há cinco minutos atrás estava só eu e os tais cinco badamecos em cima daquela plataforma à espera do comboio! Subitamente, formou-se uma multidão de anormais que não têm mais nada para fazer na vida senão chatear-me!
Outro exemplo? Fácil: chego ao trabalho, pico o ponto, chamo o elevador. Não está _ninguém_ no átrio quando carrego naquele botão. Assim que carrego no botão, o sinal dos torniquetes começa uma sinfonia furiosa de bips e é só malta a entrar! Inacreditável! Em menos de um minuto estão 40 parvalhões de pescoço torto a olhar para o painel dos elevadores.
Mas que grandessíssima porra, ainda há 30 segundos estava eu sozinho ali! E mais: se chega um elevador qualquer, enfiam-se lá dentro e eu, que por acaso até já estava ali, fico apeado.
Não, nem pensar. Quando se forma uma multidão súbita no átrio dos elevadores, dirijo-me imediatamente para as escadas.
E é por isso que todos os dias subo cinco andares.
Odeio multidões súbitas!
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